Vamos falar de Crises Implacáveis e Luto Inibido?
- Douglas Geraldo
- 28 de jul. de 2022
- 2 min de leitura
Crise implacável é um padrão de autoperpetuação em que uma pessoa, incessantemente, cria eventos aversivos e é controlada por eles. Uma pessoa emocionalmente vulnerável pode agir de forma impulsiva para diminuir o sofrimento, e inadvertidamente, caso não tenha habilidades para agir com este primeiro sofrimento, criar situações em que, não só agrava o problema atual, como cria outros problemas a partir do primeiro.
Já o luto inibido é uma esquiva automática e involuntária de experiências emocionais dolorosas, uma inibição do desdobramento da resposta emocional natural. As estratégias pelas quais algumas pessoas passam são arrasadoras, elas podem inibir o luto associado a traumas de infância, à revitimização na fase adulta, ou o uto evocado por perdas recentes, decorrentes do enfrentamento adaptativo. Para frear a dor emocional, muitas pessoas se esquivam ou fogem, o que aumenta a sensibilidade aos gatilhos e às reações emocionais. Algumas pessoas vivenciam perdas constantes, iniciam o processo de luto, inibem-no automaticamente, evitando ou distraindo-se de gatilhos relevantes, voltam ao processo, e retornam ao ciclo de contato com os gatilhos e fuga, repetidas vezes. Assim, a pessoa nunca vivencia, integra ou resolve completamente as reações a eventos dolorosos ou perdas.
Os padrões comportamentais falados acima são consequências desenvolvimentais da combinação tóxica da vulnerabilidade biológica e invalidação social. Por mais que todos nós desenvolvamos reações habituais um pouco problemáticas à dor emocional, esses padrões causam estragos. O cotidiano e a terapia, em particular, fornecem uma lista de gatilhos evocativos: os comportamentos do próprio cliente ou dos outros podem provocar a desregulação. Essas respostas secundárias à desregulação, em que o cliente oscila entre a sub-regulação e a super regulação emocional, criam outros problemas sérios. Consequentemente, os próprios padrões comportamentais tornam-se alvos de tratamento da DBT.
Na DBT trabalhamos com a teoria biossocial do transtorno em que (1) os comportamentos problemáticos ou característicos de transtorno, particularmente aqueles extremamente disfuncionais, podem decorrer da desregulação emocional ou de um esforço para tentar regular as emoções; (2) a invalidação desempenha um papel na manutenção das dificuldades atuais de regular as emoções; e (3) os padrões comuns decorrentes se desenvolvem conforme a pessoa se esforça para regular as emoções e lidar com a invalidação, e esses padrões tornam-se problemas que devem ser tratados.
Nosso trabalho na DBT é ensinar e viabilizar a regulação emocional, e restabelecer as funções organizacionais e comunicativas naturais das emoções.
KOERNER; Kelly. Aplicando a Terapia Comportamental Dialética. Ed Sinopsys.