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A eficácia do atendimento Online fundamentada pela ciência

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    Douglas Geraldo
  • há 24 minutos
  • 2 min de leitura
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Nos últimos anos, especialmente após a pandemia de COVID-19, o atendimento psicológico online deixou de ser visto apenas como uma alternativa emergencial para se consolidar como um recurso legítimo e eficaz dentro da prática clínica. Quando estruturado de forma adequada e adaptado ao perfil do paciente, mostra-se tão válido quanto o presencial e, em muitos casos, até preferível.


Diversos estudos sustentam essa conclusão. Uma meta-análise publicada em 2022 no Journal of Affective Disorders identificou que a psicoterapia realizada por vídeo chamada apresenta eficácia “aproximadamente comparável” ao atendimento presencial na redução de sintomas depressivos, sem diferenças significativas nas taxas de abandono do tratamento (Fu et al., 2022). De forma semelhante, um levantamento com 32 estudos e quase 3.600 participantes demonstrou que a telepsiquiatria oferece níveis de melhora equivalentes ao atendimento presencial em 11 diferentes tipos de transtornos mentais, com destaque para a boa resposta em casos de depressão (Zhou et al., 2023).


As intervenções baseadas em internet, especialmente no formato da terapia cognitivo-comportamental (TCC), também apresentam evidências consistentes. O grupo Interapy, da Universidade de Amsterdã, publicou ensaios clínicos randomizados com resultados expressivos: efeitos médios grandes (SMD ≈ 0,9) e altas taxas de adesão, em torno de 82%, com manutenção dos ganhos a longo prazo, mesmo antes da pandemia de COVID-19 (Andersson et al., 2011). Outras revisões sistemáticas confirmam que a TCC online, assim como práticas de mindfulness mediadas pela internet, produzem efeitos moderados a grandes em transtornos de ansiedade, depressão e pânico, comparáveis aos observados na modalidade presencial (Olthuis et al., 2016).


Um dos principais desafios do atendimento online é o manejo de crises em pacientes com risco de suicídio ou autolesão. Para garantir segurança, recomenda-se que terapeuta e paciente estabeleçam desde o início um plano de crise (“safety plan”), incluindo sinais de alerta, estratégias de autorregulação, contatos de emergência e serviços locais disponíveis. Revisões sobre DBT online destacam que protocolos formais de risco são essenciais para reduzir eventos adversos (Lakeman et al., 2022). Um estudo piloto de DBT via telehealth evidenciou grandes efeitos na redução de sintomas, mas também ressaltou a importância de planos claros após eventuais hospitalizações (Lungu et al., 2025). Diretrizes de telepsicologia também reforçam a necessidade de que o profissional conheça recursos locais e estabeleça protocolos claros desde a primeira sessão (Smith et al., 2020). Além de protocolos e planos de crises bem estabelecidos, aspectos como qualidade da conexão, ambiente privado e seguro, e recursos tecnológicos confiáveis também são fundamentais para preservar a qualidade da relação terapêutica e a confidencialidade dos dados.


O atendimento psicológico online amplia o acesso à saúde mental, elimina barreiras geográficas e logísticas, reduz custos associados ao deslocamento e facilita a continuidade do tratamento. Estudos indicam que a aliança terapêutica, frequentemente apontada como possível fragilidade desse modelo, é tão sólida quanto a estabelecida no formato presencial, desde que haja preparo técnico e adaptação às condições do paciente (Eichenberg et al., 2022; Seuling et al., 2024).


Mais do que uma solução emergencial, a psicoterapia online constitui um avanço consolidado e promissor. A escolha entre presencial e remoto não deve ser pensada em termos de substituição, mas de adequação às necessidades individuais. A ciência já demonstrou que é possível oferecer tratamento psicológico de qualidade pela tela. Cabe aos profissionais utilizar esse recurso de forma ética, responsável e centrada no paciente.


Por: Douglas Geraldo Psicólogo


 
 
 

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